Foto extraída de https://www.olhov
DAVID NERI
(Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, Brasil)
Além de desenvolver trabalhos com ilustração, David Neri é pintor, tatuador e ... Mineiro, mas morador de Volta Redonda desde os 11 anos
davidgomesneri@hotmail.com
XI COLETÂNEA SÉCULO XXI Homenagem ao escritor Gilberto Mendonça Teles nos seus 90 anos. Editor Jean Carlos Gomes. Textos sobre o autor por Anderson Braga Horta, Irany Innocente Telles, Euripedes Leôncio Carneiro, Maria de Fátima Gonçalves Lima, Flávia Souza Lima, Luiz Otávio Oliani, Ricardo Viana Lima, Vicente Melo, Raquel Naveira, Jean Carlos Gomes, Reynaldo Valinho Alvarez, Rosemary Ferreira de Souza, Rosimeire Soares. Tanussi Cardoso, Vicente Melo, Antonio Miranda, Olga Savary e Alexei Bueno. Volta Redonda, RJ: Gráfica Drumond, 2021. 138 p.
A LUA E MEUS LAPSOS
Ela me desdegrima, me despe.
E são tão frias suas mãos ao fazê-lo,
Que nem parecem me reconhecer.
O contraste é tão grande entre est toque lancinante,
e o olhar doce, que outrora me lançava.
Que nem parece a mesma pessoa.
Essa dualidade lacera cada fibra de meu corpo,
Que se punge, agredindo a tudo e a todos,
Nem eu mesmo escapo.
Parece ilógico ao olhar para a lua, ainda pensar nela
com tanto carinho.
O tempo parece ter enterrado cada tratamento
carinhoso
e particularidades de um relacionamento.
E mesmo assim, meu peito se parte, ao lembrar de
seus olhos.
Temo estar perdido num ciclo vicioso,
e já não salvação.
Esqueço de mim ao pensar nela,
E isto não me parece apropriado.
DAS FLORES SÓ RESTAM ESPINHOS
Tantas eu amei. Tantos eu fui. De tantas formas me entreguei.
Quantas já passaram pela minha vida, e eu pela delas.
(Martinho da vila?)
Marcas deixamos um no outro, integramo-nos, pouco a pouco.
Gosto do que me torno, gosto também do que resta;
mas às vezes não vejo sentido, pois quando se vão...
Volto ao meu impávido abrigo. E de que serve então,
se sempre volto para o mesmo lugar?
Tantas eu amei. Tantos eu fui. De tantas formas me entreguei.
Como um universo que desabrocha em flor.
Sou eu por cada pessoa que passa, seja ela quem for.
Pensando bem, o destino da flor se encerra, num jarro ou num
buquê.
E buquês são flores mortas!
Jarros de parentes, buquê de lembranças.
Não sou a rosa, mas sim a roseira. Sou podado... me levaram
as flores.
O caule seco e seus espinhos é a parte que me cabe.
Tantas eu amei. Tantos eu fui. De tantas formas me entreguei.
A cada universo, floresço diferente. Ora coerente! Ora contra-
ditório! Ora ambíguo.
Do beijo tácito aos amassos explícitos. Do blues ao funk. De
sucinto à prolixo.
Essa metamorfose ambulante é bonita, é sim!
Entretanto, ainda é triste pensar, que logo mais estou de volta.
*
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Página publicada em junho de 2021
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